Fernando Simonetti

Colorir os cabelos: Beleza com consciência!

Mudar a cor dos cabelos é uma forma de expressar nossa personalidade e estilo. Mas, será que essa transformação é sempre segura para a saúde dos fios? Vamos entender melhor.

Antes entrarmos no assunto saudável ou não saudável é importante saber que há tipos diferentes de tinturas e, principalmente, há aquelas que são preferidas por quem é adepto da prática de colorir os cabelos, e aquelas que não tem tanto uso.

Para que você entenda melhor, vou abordar neste texto os tipos de tinturas, alguns dos componentes presentes nelas e deixarei dicas para que o seu processo possa ser feito com segurança.

Tipos de Tintura:

Existem 2 grandes grupos: naturais e sintéticas.

  • Naturais: feitas a partir de extratos vegetais, como a henna. Elas colorem a parte externa do fio e saem com as lavagens.
  • Sintéticas: dividem-se em 4 categorias (descritas abaixo), conforme a profundidade que atingem do fio de cabelo e o consequente tempo de duração até que saia por completo do fio.

 

Presença de Mercado:

As tinturas naturais perfazem atualmente cerca de 10% do mercado, enquanto as sintéticas ocupam pouco mais de 90% deste cenário.

Dentre as sintéticas, aproximadamente 80% dos(as) usuários(as) optam pela tintura permanente.

 

Entenda a diferença entre elas:

Tintura natural é um extrato vegetal colorido com capacidade de impregnar a cutícula do cabelo dando ao fio a cor do extrato. Por não penetrar no córtex capilar esse tipo de tintura é facilmente removido com água, e por esta razão seu grau de dano ao cabelo é praticamente nulo. Um exemplo clássico deste tipo de tintura é a henna.

Tintura sintética temporária, assim como as tinturas naturais, este tipo de tintura também não ultrapassa a cutícula do fio. Ela se deposita entre as camadas cuticulares, dando cor à haste capilar de forma rápida e inofensiva. Esse tipo de tintura é normalmente encontrado na forma de géis, sprays ou mousses, e tem duração extremamente curta, não ultrapassando 3 lavagens de forma geral.

Tintura sintética semipermanente tem duração um pouco maior que a temporária, necessitante de em torno de 8 lavagens para que seja completamente removida. Também é considerada inócua em relação a saúde, pois não ultrapassa a camada cuticular do fio. Esse tipo de tintura possibilita apenas escurecer o cabelo em até 3 tons, não sendo possível com ela mudar a cor do cabelo.

Tintura sintética demipermanente apresenta uma pequena concentração de água oxigenada na sua composição (cerca de 2%), possibilitando assim reações químicas na haste capilar que promovem permeação do tonalizante até a camada cuticular mais profunda, ainda sem adentrar o córtex. Por esta razão, este tipo de tintura precisa de cerca de 10 a 12 lavagens para ser removida por completo. A presença de água oxigenada na sua composição promove reações de oxidação na haste, o que torna este tipo de tintura danosa a saúde do cabelo.

Tintura permanente, por sua vez, apresenta alto impacto na saúde dos cabelos. Este tipo de tintura possui amônia ou etanolamonia em sua composição, substâncias responsáveis por elevar o pH da estrutura capilar, abrindo a cutícula do fio e permitindo a entrada dos ativos corantes no córtex do pêlo. A presença de água oxigenada em concentrações elevadas reage com a melanina do córtex promovendo degradação da melanina, e a cor da tintura impregna o córtex dando a tonalidade desejada à haste. São cosméticos de longa duração, vários tons, e que promovem ressecamento intenso e perda da elasticidade dos fios, tornando-os secos e quebradiços.

Atenção aos componentes:

Se não tiver outra forma, selecione o que você vai usar com base na composição do material e atente-se para os seguintes compostos que comumente estão presentes:

  • Metais pesados (chumbo, bismuto e prata) são comumente utilizados como corantes metálicos. Este tipo de metal é associado a problemas neurológicos, gastrintestinais, musculares, hormonais e, também, tem forte potencial carcinogênico.
  • Formaldeído, permitido no Brasil apenas como conservante, tem forte associação com queda de cabelo, dermatites e irritações de pele, ulcerações e, também, com a carcinogênese.
  • Alcatrão, substância considerada carcinogênica pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) é comumente encontrado em tinturas semipermanentes. Essa substância é fortemente associada à canceres de pele, pulmão, bexiga e de células do sangue.
  • Liberadores de dioxano, conservantes utilizados amplamente na indústria de cosméticos, principalmente as tinturas, são potencialmente carcinogênicos, segunda a IARC. Além disso, estão relacionados com irritações do couro cabeludo, bem como o desenvolvimento de outros tipos de alergias, irritação de garganta e nariz, devido a inalação.

Dicas para uma coloração segura:

  • Leia os rótulos: evite produtos com os componentes mencionados acima.
  • Teste de mecha: antes de aplicar, faça um teste para verificar o resultado final da cor no seu cabelo e as possíveis reações.
  • Hidratação regular: mantenha os cabelos hidratados e use produtos (xampus e condicionadores, anti-frizz, …) de qualidade. Isso poderá ajudar a minimizar os danos.
  • Consulte um profissional: um dermatologista pode te orientar sobre as melhores opções para o seu cabelo e esclarecer as suas dúvidas.

Conclusão

O único cenário em que pintar os cabelos pode ser inócuo é por meio do uso de tinturas naturais ou sintéticas temporárias. Em qualquer outro tipo de tingimento dos cabelos haverá algum tipo de dano, podendo este ser local ou sistêmico.

A solução é, como sempre, pesar o custo benefício daquilo que se faz. Se não há como ficar sem, dê preferência ao que promove menos prejuízo.

Lembre-se, a beleza está em se sentir bem consigo mesmo. Cuide dos seus cabelos com carinho e informação.

Dr. Fernando Simonetti
CRM-SC 21.394
@drfernandosimonetti